de Sérgio Capparelli
Ajuntar alface com jaca
Dá pepino por aqui.
Não somos bananas
Ou conversamos abobrinha
E, se quiser saber, plantamos batata, sim,
mas pra quebrar um galho
ou descascar abacaxi.
Ajuntar alface com jaca
Dá pepino por aqui.
domingo, 11 de novembro de 2007
Amostra da poesia local
de Murilo Mendes
Tenho duas rosas na face,
Nenhuma no coração.
No lado esquerdo da face
Costuma também dar alface,
No lado direito não.
Tenho duas rosas na face,
Nenhuma no coração.
No lado esquerdo da face
Costuma também dar alface,
No lado direito não.
A alface aérea
Pablo Neruda - para todos os Alfredenses ...
(...) cebola clara como um planeta
a reluzir, constelação constante,
redonda rosa de água,
sobre a mesadas gentes pobres.
Generosa desfazeso teu globo de frescura
na consumaçãofervente da frigideira
e os estilhaços de cristalno calor inflamado do azeite
transformam-se em frisadas plumas de ouro.(...)
sais do chão e terna, intacta, pura
como semente de um astro e ao cortar-te
a faca na cozinha sobe a única lágrima sem pena.
Fizeste-nos chorar sem nos afligir.
(...) e vive a fragância da Terranatua natureza cristalina.
a reluzir, constelação constante,
redonda rosa de água,
sobre a mesadas gentes pobres.
Generosa desfazeso teu globo de frescura
na consumaçãofervente da frigideira
e os estilhaços de cristalno calor inflamado do azeite
transformam-se em frisadas plumas de ouro.(...)
sais do chão e terna, intacta, pura
como semente de um astro e ao cortar-te
a faca na cozinha sobe a única lágrima sem pena.
Fizeste-nos chorar sem nos afligir.
(...) e vive a fragância da Terranatua natureza cristalina.
Cozido não se come; cru não existe: o que é, o que é? (Fabinca)
Charada infantil que ilustra os contextos lingüísticos e os pressupostos que criamos a partir deles. Para responder, pensamos imediatamente em algum tipo de alimento intragável e não conseguimos sair deste campo semântico: frutas (que são comidas cruas), cereais (que precisam ser cozidos), legumes (alguns crus, outros cozidos), carnes (cozidas para serem comidas, mas existem cruas). Se imaginarmos que a resposta não esteja no campo dos alimentos, temos dificuldade de aceitar dentro da acepção do termo “cozido” algo que não seja para comer. Uma possibilidade seria pensar que “cozido” se refere a “coser”, já que provavelmente apenas ouvimos a charada, e não a vimos transcrita, mas costurar nada tem a ver com comer, o que invalidaria a charada.“Cozido” sugere alimento. Se não é um alimento, o que pode ser? O que alguém cozinha para não comer? ...Aparece aqui uma terceira noção sobre o verbo “cozinhar”: mistura de ingredientes que resulta em um novo produto. Mais fácil agora. Não é algo (um elemento apenas) que de cru passe a cozido, e sim algo que é feito por meio do cozimento, mas que não é comestível. Matou a charada? Acesse o link e confira: http://tzal.org/fabinca_post-Cozido+nao+se+come+cru+nao+existe+++o+que+e+o+que+e
Metáfora alimentar
A idéia de trabalhar com a metáfora alimentar surgiu da leitura do texto “Signos Brasileiros de Educação Literária” de Cyana Leahy-Dios (2000), no qual a autora utiliza a metáfora alimentar para demonstrar a situação atual dos professores de literatura que na maioria das vezes oferecem aos alunos uma alimentação pouco nutritiva: "O quadro atual mostra professores de literatura simplesmente arrumando em uma bandeja didática a refeição pouco nutritiva imposta em sua formação e preparada pelos livros didáticos".
A partir da metáfora alimentar desta bandeja didática, da qual muitos professores de literatura também se alimentaram, surgiu a vontade de recolher fragmentos de textos teóricos e ficcionais que utilizam a alimentação como simulacro.
A partir da metáfora alimentar desta bandeja didática, da qual muitos professores de literatura também se alimentaram, surgiu a vontade de recolher fragmentos de textos teóricos e ficcionais que utilizam a alimentação como simulacro.
Pequenos assassinatos - Affonso Romano de Sant’Anna
Vegetariano
não dispenso chorar
sobre os legumes esquartejados
no meu prato.
Tomates sangram em minha boca
alfaces desmaiam ao molho de limão-mostarda-azeite, cebolas soluçam sobre a pia
e ouço o grito das batatas fritas.
Como.
Como um selvagem, como.
como tampamdo o ouvido, fechando os olhos,
distraindo, na paisagem, o paladar,
com a displicente volúpia de quem mata pra viver.
Na sobremesa
contia o verde desespero:
peras degoladas,
figos desventrados
e eu chupando o cérebro
amarelo das mangas.
Isto cá fora. Pois lá dentro
sob a pele, uma intestina disputa
me alimenta: ouço o lamento
de milhões de bactérias
que o lança-chamas dos antibióticos
exaspera. Por onde vou é luto e luta.
não dispenso chorar
sobre os legumes esquartejados
no meu prato.
Tomates sangram em minha boca
alfaces desmaiam ao molho de limão-mostarda-azeite, cebolas soluçam sobre a pia
e ouço o grito das batatas fritas.
Como.
Como um selvagem, como.
como tampamdo o ouvido, fechando os olhos,
distraindo, na paisagem, o paladar,
com a displicente volúpia de quem mata pra viver.
Na sobremesa
contia o verde desespero:
peras degoladas,
figos desventrados
e eu chupando o cérebro
amarelo das mangas.
Isto cá fora. Pois lá dentro
sob a pele, uma intestina disputa
me alimenta: ouço o lamento
de milhões de bactérias
que o lança-chamas dos antibióticos
exaspera. Por onde vou é luto e luta.
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